Ensinaram macacos a usar dinheiro e os resultados foram surpreendentes

Publicado originalmente em Psicoativo

O que aconteceria se um bando de macacos aprendesse a usar dinheiro?

Essa foi uma pergunta feita por Keith Chen, professor de economia em Yale. Ele escolheu para seus experimentos o mico, pequeno macaco que, segundo ele, “pensa quase que exclusivamente em comida e relações físicas”.

Em um laboratório montado pela psicóloga Laurie Santos, Chen trabalhou com sete micos, quatro fêmeas e três machos. Eles viviam juntos em uma grande gaiola, que continha uma câmara de testes (uma gaiola menor) onde um mico poderia entrar por vez e participar dos experimentos. As moedas eram pequenos discos de prata (2,54 centímetros).

Como ensinar à macacos o valor do dinheiro
Para ensinar aos micos que a moeda tinha valor, os pesquisadores fizeram o seguinte:

Davam a moeda ao macaco e apresentavam uma guloseima (cubo de gelatina, uva ou fatia de maçã)
O macaco dava a moeda ao pesquisador e ganhava a guloseima
Em alguns meses os micos aprenderam que poderiam comprar comida com as moedas. E mais: aprenderam a comprar mais ou menos comida de acordo com o preço.

Por exemplo: quando um cubo de gelatina ou fatia de maçã custava duas moedas, eles compravam mais. Quando custava três moedas, eles compravam menos. Nesse caso, os micos demonstravam racionalidade em suas escolhas econômicas.

Aversão à perdas e irracionalidade
Mas os micos também demonstraram comportamentos irracionais no processo de compra. Em um outro experimento, eles poderiam escolher entre dois pesquisadores para comprar uvas:

um pesquisador mostrava uma uva, mas às vezes dava uma uva de bônus
outro pesquisador mostrava duas uvas, mas às vezes tirava uma uva
Os macacos preferiam, nitidamente, o primeiro pesquisador. Por que isso é irracional?

Se pensarmos racionalmente, os dois resultados são iguais. Mas esse comportamento é um bom exemplo que a psicologia chama de aversão à perda: a dor de perder parece mais forte (ou mais incentivadora) que o prazer de ganhar.

Talvez você esteja pensando: “é, esses macacos são burros mesmo!”. Na verdade, o fenômeno de aversão à perda se aplica muito aos seres humanos também. Segundo Chen, os dados gerados pelos micos sobre decisões irracionais “torna-os estatisticamente indiferenciáveis da maioria dos investidores do mercado de ações”.

A coisa mais estranha do experimento
Certo dia, o mico alfa pegou as 12 moedas disponíveis de uma bandeja e jogou dentro da gaiola, fugindo da câmara de testes. O lugar se tornou um caos, com sete micos querendo pegá-las. Isso até serem subornados pelos humanos com guloseimas. Mas nem todos queriam comida.

Um dos macacos, em vez de comprar uma uva ou fatia de maçã, entregou uma moeda à uma macaca. Chen já havia estudado altruísmo antes. Mas não era o caso.

Depois de alguns segundos de preliminares…os macacos estavam fazendo tendo relações físicas.

Esse foi o primeiro caso de prostituição entre macacos registrado pela ciência.

Depois de incríveis oito segundos de relações físicas, a macaca usou o dinheiro que recebeu para comprar uma uva.

O fim do experimento
Chen estava curioso sobre as possibilidades de estudar o capitalismo macacal. Contudo, as autoridades responsáveis pela supervisão do experimento temeram que a introdução do dinheiro poderia comprometer de forma irreparável a estrutura social dos micos.

Referências:

Levitt, Steven D.; Dubner, Stephen J (2010). SuperFreakonomics: o lado oculto do dia a dia.

Venkat Lakshminaryanan, M Keith Chen, and Laurie R Santos. Endowment effect in capuchin monkeys. 363. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences. https://doi.org/10.1098/rstb.2008.0149






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