Enfermeira alerta: “Não permitam que a ignorância se transforme na vossa ruína”

Uma entrevista de grande repercussão foi publicada na data de ontem na Revista Sábado, de Portugal. A entrevistada é Carla Pinto, de 36 anos, que trabalha nos Cuidados Intensivos do Hospital de Braga com doentes Covid-19. Segundo a enfermeira, a pandemia evidencia o melhor, mas também o pior das pessoas e que, caso cada um de nós não faça a parte que lhe cabe, não venceremos a covid-19.

“Há pessoas que olham para nós, profissionais de saúde, com agradecimento, outras com medo e outras até com um certo… sim, eu já fui olhada por algumas pessoas com um olhar de repugnância. Não compreendo a ignorância das pessoas. Eu trabalho nos Cuidados Intensivos com doentes Covid, estou mais exposta, mas porque quis. Porque nas Unidades de Cuidados Intensivos não fazem falta só ventiladores, também fazem falta pessoas que saibam trabalhar nestes serviços. Nem todos os médicos sabem fazê-lo.”

Sobre criar falsas sensações de segurança
A enfermeira alerta: ‘Não criem falsas sensações de segurança.’ A tal respeito, cita que em dado Mercado, observou que as pessoas, ao entrarem, recebiam à porta luvas descartáveis. No que ela alertou quem as distribuía que o correto seria primeiro lavarem as mãos e só depois lhes serem entregues as luvas. Afirmou, acerca das luvas, que “as pessoas quando as calçam sentem-se protegidas e com elas fazem tudo: metem a mão à boca, pegam no cartão multibanco, coçam a cara… As pessoas não têm a noção do que é o sujo, o limpo e o estéril. Ao contrário dos profissionais de saúde.”

Para ela, muitos, ainda que alertados sobre a forma correta de proceder, não o fazem: “Não posso ser conivente com isto, porque quem não sabe é como quem não vê, mas quem sabe tem a obrigação e a responsabilidade de falar. Sair de casa para mim foi complicado – saí para proteger a minha filha, de dois anos, e o meu marido, que é asmático. Tive de decidir o que era mais importante e a balança mostrou-me que a segurança deles pesa mais”.

A enfermeira relata diversas situações em que chega a ser hostilizada por estar na linha de frente da covid-19, mas também afirma que há muita solidariedade e cooperação:

“É muito fácil ser-se herói em tempos de paz, em tempo de crise e de conflito é que o pior e o melhor das pessoas vem à tona e é aí que se descobrem as pessoas. Nunca vi tamanho esforço de solidariedade e de cooperação. Da mesma maneira que relato estas situações tristes e lamentáveis, também há pessoas que enviam para os Cuidados Intensivos refeições para toda a equipa. É muita gente!”

Sua mensagem essencial, é: “todos nós temos um papel a cumprir. Só podemos chegar a bom porto se todos cumprirmos a nossa parte e, neste momento, o senhor não está a cumprir com a sua.’

Ao final, alerta: “Todos temos uma quota parte de responsabilidade. Se as pessoas, os cidadãos comuns, não cumprem com a sua parte, não podem esperar que nós, os profissionais de saúde, façamos milagres.”

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