Um terço dos sobreviventes da COVID-19 apresentam sequelas neurológicas ou psiquiátricas, diz estudo

Uma em cada três pessoas que foi diagnosticada com covid-19 apresentou distúrbios mentais ou neurológicos até seis meses após se recuperar da doença, segundo um estudo publicado na revista científica inglesa, The Lancet Psychiatry. A pesquisa foi realizada com pacientes que tiveram o novo coronavírus após 20 de janeiro de 2020 e encontravam-se vivos em 13 de dezembro de 2020.

Com esse resultado, novos desdobramentos sobre as sequelas da covid-19 vieram à tona. Além disso, é um importante passo para melhorar o entendimento sobre os efeitos da pandemia à saúde mental global. Nos últimos meses, doenças psiquiátricas, como a depressão e distúrbios de ansiedade, cresceram e muitos recorreram às terapias online facilitadas por plataformas, como a MyTherapist.
O que diz o estudo?
Comparando os sobreviventes do covid-19 com 105 mil pacientes que tiveram a gripe comum e 236 mil pacientes diagnosticados com qualquer doença respiratória (incluindo a gripe), cientistas concluíram que 34% dos sobreviventes do covid-19 apresentaram sequelas ligadas a doenças mentais, entre eles:

• 17% apresentaram ansiedade.
• 14% apresentaram transtornos de humor.
• 7% apresentaram abuso de substâncias controladas.
• 5% apresentaram insônia.

Distúrbios neurológicos também foram encontrados, porém em menor incidência:

• 2,1% tiveram AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico.
• 1,4% apresentou distúrbio psicótico.
• 0,6% foi diagnosticado com demência.

Mais preocupante foi que os cientistas concluíram que a incidência de distúrbios mentais e neurológicos foi mais recorrente naqueles que sobreviveram aos casos mais graves da covid-19. Daqueles que precisaram de atendimento hospitalar, a incidência de sequelas mentais e neurológicas subiu para 38%, enquanto que para aqueles que precisaram de atendimento em terapia intensiva (UTI), a taxa foi de 46%.

O que significa esses resultados?
A comunidade médica ainda conhece pouco sobre as sequelas deixadas pela covid-19. O estudo publicado na revista The Lancet é o maior já realizado para entender melhor quais são os efeitos psicológicos e psiquiátricos deixados pelo vírus àqueles que sobreviveram à doença.

A partir dos resultados apresentados, há evidências científicas que a covid-19 não causa apenas problemas respiratórios e cardiovasculares, como também deixa sequelas mentais e neurológicas, entre as quais distúrbios de ansiedade, transtorno de humor e AVC estão presentes.

Apesar do estudo ter sido realizado nos EUA, pacientes brasileiros sobreviventes à covid-19 provavelmente também estão sujeitos a enfrentar futuros distúrbios mentais e neurológicos decorrentes do vírus. Em meio à taxa de infecção que o Brasil se encontra, com mais de 80.000 casos diários e com 4.000 mortes diárias prevista para Abril de 2021, pensar nas sequelas deixadas pelo vírus pode vir a ser mais um desafio à saúde pública do país.

Os efeitos da pandemia à saúde mental
À parte dos resultados encontrados pelo cientista quanto às sequelas mentais e neurológicas deixadas nos sobreviventes da covid-19, a pandemia causou enormes efeitos à saúde mental da população mundial.

As medidas de contenção do vírus, como distanciamento e isolamento social, foram responsáveis pelo aumento da incidência global de depressão e ansiedade. Em especial, trabalhadores dos chamados serviços essenciais estão entre aqueles que mais sofrem com ansiedade, depressão, abuso de bebidas alcoólicas e insônias.

Ao longo dos últimos meses, o tema saúde mental cresceu nas redes sociais, tornando-se uma discussão recorrente de como mantê-la em tempos de isolamento e distanciamento. As relações sociais tiveram que se reinventar, a cada dia que passa, temos que encontrar e descobrir novas formas de continuarmos conectados com nossos entes queridos e com nós mesmos.

Chamadas de vídeo tornaram-se as nossas maiores aliadas para podermos rever nossos parentes e amigos. Além disso, atividades manuais, de respiração e a descoberta de novos hobbies foram algumas das maneiras que as pessoas encontraram para voltar a se conectar consigo mesmo.

Outra alternativa que cresceu nos últimos meses para muitas pessoas foi a procura por terapias online, a qual se tornou uma grande aliada para entender os próprios sentimentos e para lidar com as perdas físicas e materiais causadas pela pandemia. Muitas plataformas que conectam o paciente a psicólogos experientes, como a MyTherapist, tornaram-se uma alternativa para aqueles que antes nunca tinham feito acompanhamento psicológico ou que procuraram continuar agora devido à pressão mental decorrente da pandemia.

Em tempos de covid-19, é importante continuar tomando os cuidados necessários para evitar um possível contágio, como usar máscaras, álcool em gel e praticar distanciamento social ficando em casa. Seguindo essas medidas, evitam-se as doenças mentais e neurológicas deixadas pelo vírus. Porém, é preciso também combinar hábitos físicos e mentais saudáveis. Continue praticando atividades físicas, mantenha contato virtual com familiares e amigos e não hesite em procurar ajuda psicológica quando necessário.

revistapazes.com - Um terço dos sobreviventes da COVID-19 apresentam sequelas neurológicas ou psiquiátricas, diz estudoSobre a autora

Marie Miguel é especialista em redação e pesquisa há quase uma década, cobrindo uma variedade de tópicos relacionados à saúde. Atualmente, ela está contribuindo para a expansão e o crescimento de um recurso online gratuito de saúde mental com BetterHelp.com Com interesse e dedicação em lidar com os estigmas associados à saúde mental, ela continua a focar especificamente em assuntos relacionados à ansiedade e à depressão.






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