Sonho e psicanálise: para a mente o tempo não existe
Lucid Dreaming series. Backdrop of human face and colorful fractal clouds on the subject of dreams mind spirituality imagination and inner world

Porque o sonho revive mágoas de um passado tão distante?

Porque para a mente o tempo não existe, é paralelo como dizem algumas teorias da Física. A emoção vivida no sonho é real e ao acordar essa angústia permanece conosco e talvez sem nome ,porque nem todos lembram-se do conteúdo sonhado.

O sonho é um instrumento valioso ,faz-nos entender o funcionamento de, por exemplo, reações atuais carregadas de uma emoção desproporcional ao fato (over-reaction). Reação exacerbada que a todos e a nós mesmos causa estranhamento. Isso é explicado por exemplo por um sonho onde emergem mágoas passadas e acontecimentos traumáticos , cheios de muita angústia e dor. A pessoa chora dormindo, acorda com olhos molhados.

Foi real para a mente.

Ao fazermos a análise do ângulo da Psicanálise levamos em conta 3 coisas que Freud descobriu : restos diurnos (experiência de vigília) , nossa história passada (experiência subjetiva de cada um) e a tentativa de realizar desejos (aquilo que almejamos mas não concretizou-se, não só positivas).

Então, um fato presente, pode funcionar como estopim para trazer à tona sentimentos vividos no passado- uma isca de minhoca que pode pegar um peixe gigante.

Como no sonho onde a lembrança de um passado distante veio com a força de um tsunami derrubando todas as barreiras de segurança que havia pela frente. A pessoa “RE-VIVEU” toda a dor e angústia, mas o fato que o desencadeou foi algo no presente, tão minúsculo quanto uma minhoca.

Assim somos quando fazemos sintomas -“SINTO-MAL”- para os quais não há sentido, nem explicação, aos olhos dos outros, mas para quem sente ou explode por “pouca” coisa , o conteúdo subjacente pode ser um iceberg, que nem ele conhece. Só uma boa análise pode decifrar e após percorrido o processo o paciente caminha por si, pois vira automático; uma vez ciente, jamais o deixa de ser.

Há muito engano em dizer e é dito comumente: “Dei uma de psicólogo.” Dito por muitos profissionais como manicures, cabelereiros, médicos etc.

A escuta psicanalítica é diferenciada, por isso, não “se vai ao psicanalista apenas para falar” e ainda no senso comum, acha-se absurdo pagar por isso. A escuta, treinada por longos anos de estudo mais análise pessoal ouve o que não está dito ou como queria Lacan, no dito, ambas porém para além do sentido ou da intenção do falado. O psicanalista escuta aonde o inconsciente se manifesta, fala , para muito além de nossa percepção. Um dos poderosos instrumentos dessa escuta é o relato dos sonhos, para além de sentidos e adivinhações, simplesmente, percebendo o que o sonho traz de conteúdo manifesto do não dito . O que não é percebido pela “Com-ciência” , inconsciente e inaceitável permanece. Faz sentido quando é trazido à luz da consciência e uma vez entendido, falado , elaborado, pára de ser “fazedor” de “sinto-má” . Por isso a hipnose foi abandonada por Freud, por que não se mantinha o que era manifesto de forma inconsciente e corria-se ainda o risco de introjetar conteúdos fantasísticos ou sugestionados de fora para dentro.

Somos seres pensantes, só o entendimento nos faz “super-ar”, ventilar, emergir à superfície e “livre-mente” do que nos sufoca, ver outros horizontes.

Maristela Kosinski.






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