Sobrecarga de opções: por que é tão difícil fazer escolhas?

Publicado originalmente em Psicoativo

Muitos de vocês já devem ter percebido como é difícil fazer escolhas quando passam mais tempo pensando e discutindo o que assistir na Netflix do que efetivamente assistindo algo.

O termo “sobrecarga de opções” (choice overload) é usado em referência à situações onde temos várias opções e temos dificuldade para escolher – particularmente se elas forem semelhantes. Isso pode gerar um efeito de “congelamento”, e pode ser que a pessoa nem escolha nada.

O famoso experimento da geleia (Iyengar & Lepper, 2000) nos dá uma boa ideia do efeito da sobrecarga de opções. Eles ofereceram em uma mercearia várias opções de geleia: em um caso eram 6 opções, em outro eram 24 opções.

Os resultados do “experimento da geleia” foram muito interessantes:

Quando haviam muitas opções diferentes, mais pessoas paravam, mas menos pessoas compravam
Quando haviam menos opções, menos pessoas paravam, mas a chance de compra aumentava em 10x

Qual é o efeito da sobrecarga de opções no cérebro?

Colin Camerer e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena publicaram um novo estudo na revista Nature Human Behavior que avalia o efeito da sobrecarga de opções no cérebro.

Os participantes tiveram que escolher uma imagem de um conjunto que oferecesse 6, 12 ou 24 opções de paisagens atraentes com as quais eles poderiam escolher personalizar uma caneca ou algum outro item, enquanto passavam por exames de ressonância magnética.

Foi observada atividade cerebral aumentada em duas regiões específicas do cérebro enquanto os participantes faziam escolhas: no córtex cingulado anterior (ligado à tomada de decisão) e no corpo estriado (ligado à avaliação de valor).

Essas áreas eram mais ativas nos participantes que escolheram de conjuntos de 12 imagens. O professor Camerer sugere que isso pode ser devido à interação entre as duas áreas, pois elas avaliam o potencial de recompensa e a quantidade de esforço necessária ao cérebro para avaliar os resultados potenciais de cada escolha que pode ser feita.

Quanto mais opções existirem, mais pode aumentar o potencial de recompensa – mas o esforço investido também aumenta, o que pode diminuir o valor final da recompensa.

Camerer diz: “A ideia é que o melhor de 12 é provavelmente bom, enquanto o salto para o melhor de 24 não é uma grande melhora.”

Qual é o número ideal de opções?

Para evitar o efeito da sobrecarga de opções, o professor Camerer destaca que é preciso haver um bom equilíbrio entre a recompensa potencial e a quantidade de esforço necessária para fazer a escolha. De acordo com ele, o número ideal de opções para escolha de alguém é mais ou menos entre 8 e 15, dependendo do valor percebido da recompensa, do esforço necessário para avaliar as opções e dos traços pessoais de cada indivíduo.






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