
Se já bateu a curiosidade ao ver Perdida subindo rápido no Top 10 da Netflix Brasil, vale saber que o sucesso não aconteceu por acaso.
A produção espanhola de 2020 — exibida primeiro pela Antena 3 com o título original Stolen Away — combina drama familiar e thriller carcerário em apenas 11 episódios de 50 minutos, um formato enxuto que facilita a maratona sem perder fôlego.
Logo no episódio de estreia somos apresentados a Antonio Santos Trénor (Daniel Grao), dono de um passado doloroso: há dez anos sua filha Soledad desapareceu numa feira de Valência.

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De lá para cá, a polícia arquivou o caso e a família se desfez. Convencido de que a resposta está em Bogotá, o ex-engenheiro arma seu próprio flagrante de tráfico de drogas, é detido no aeroporto e termina na Penitenciária La Brecha — uma prisão fictícia inspirada em unidades colombianas reais.
O roteiro detalha o processo de “auto-extradição” passo a passo, mostrando como brechas jurídicas podem ser usadas até pelo cidadão comum quando o desespero fala mais alto.
Dentro do presídio, Antonio precisa de aliados para sobreviver: o poderoso Quitombo (Flaco Solórzano) controla o pavilhão e cobra lealdade; o detetive colombiano Cruz (Juan Messier) desconfia da história oficial; e a advogada Milena Jiménez (Ana María Orozco) enxerga um homem disposto a tudo.

Esses personagens, inspirados em figuras do submundo de Bogotá, acrescentam camadas sociais ao enredo — corrupção, milícias e o peso do tráfico internacional aparecem sem filtro.
Fora das grades acompanhamos Eva Aguirre (Melani Olivares), a ex-mulher de Antonio, refazendo o percurso do sequestro em Valência; e Inma (Carolina Lapausa), agente policial que reabre o inquérito europeu.
Essa estrutura em dois continentes mantém o ritmo: cada pista obtida na Colômbia cria repercussão imediata na Espanha, aproximando passado e presente sem artifícios confusos de flashback.

O design de produção aposta em contrastes fortes: corredores abafados, pintados em tons esverdeados, opõem-se às praias claras de Valência.
Já a trilha de Yamil Chirinos mistura percussões latinas com cordas tensas, amplificando a sensação de perigo iminente sem recorrer a sustos gratuitos.
Embora a comparação com Prison Break seja comum, Perdida troca o espetáculo das fugas por um retrato mais cru de sacrifício paternal. Antonio não busca liberdade; ele quer respostas, custe o que custar.
Ao equilibrar investigação policial, crítica ao sistema carcerário latino-americano e dilemas éticos, a série entrega um suspense direto, eficaz e, sobretudo, movido por um amor que se recusa a virar estatística.
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