As portas que abrimos, as que emperramos e as que estão por serem abertas!

Com muito custo conseguimos chegar no dia 31 de dezembro. Que alívio!

Dois mil e dezesseis foi um ano difícil, literalmente! Não queremos reprise (a não ser das prisões dos governantes e empresários ladrões!).

Corrupção é a palavra que o define. ─ Algum numerólogo havia previsto isto?

Brasileiro tem esta fama (e não é só fama, é realidade): não desiste, é batalhador e, mais do que nunca, lutou por seus direitos.

Fomos às ruas, gritamos, esbravejamos! Tivemos algumas conquistas, outras estão sendo batalhadas.

De alguma forma, estamos reconstruindo a história da nossa nação. “Somos sementes do que ainda virá”, canta Fernando Anitelli, vocalista da banda O Teatro Mágico na música Sonho de Uma Flauta.

Peguemos emprestada a frase. Cantada ou falada, soa como apropriada para o momento que estamos passando. Que sejamos então sementes de uma nação incorrupta!

Foram 364 dias de sofrimento, decepções, raiva e revolta. Desejo de justiça e sentimento de injustiça fizeram parte de nossas vidas, sem pedir licença.

Por isso, defendo a ideia de que temos, por direito, nestas últimas vinte e quatro horas, deixar um pouco de lado os assuntos que nos dominaram, para virarmos o calendário.

Não é como virar uma página e encontrar uma nova história.

É como virar-se por dentro para redescobrir-se, olhar para si, para nossa família, para nosso eu. ─ Não tivemos esta oportunidade neste ano tempestivo.

Numa outra música, Fernando canta:

“Acreditei que porta fechada é janela,
Aberta pra brisa e dor da pessoa de fé.”

Usemos nossa criatividade brasileira e façamos deste verso, o lema para 2017.

Nós, com tantas dores, somos também pessoas de fé! Das portas fechadas, fizemos janelas. Por elas, a brisa nos trouxe consciência e ação. Escancaramos algumas portas!

Então, busquemos por portas e janelas. Se estiverem fechadas, abram-nas. E comecem por ti.
Sugiro algumas delas:

– A porta da amizade, dos velhos e novos amigos.
– A porta do respeito, da convivência humana, do diálogo e da tolerância às diferenças.
– A porta da sabedoria, da aprendizagem, do crescimento.
– Que tal a porta da família?
– A porta do encontro consigo e com o outro.
– A porta da fé e das virtudes.
– A porta da coragem, da ousadia, da confiança.
– A porta do tempo, do descanso, do ócio, da velha infância.
– A porta da compaixão, da solidariedade, da caridade.
– A porta da natureza, da biodiversidade, da sustentabilidade.
– A porta da humildade e do agradecimento.
– A porta da generosidade – consigo e com o outro.
– A porta dos sonhos, da conquista, da realização.
– A porta da espontaneidade e da motivação.
– A porta da convivência, do compartilhar, da irmandade.
– Ah… a porta das boas lembranças e da saudade!
– A porta de um mundo realmente sem fronteiras.
– A porta da superação, da força para enfrentarmos as dificuldades.
– A porta do amor próprio e do amor ao próximo.
– A porta de novos olhares e novos horizontes.
– A porta de um caminho novo, o da transformação.

As portas que já abrimos, contra a corrupção, a porta do “Vem Pra Rua”, “Fora Beltrana!”, “Fora Fulano!”, “Diretas Já!” foram conquistas nossas e estas, nunca mais serão fechadas!

Se houve algo que aprendemos, foi colocarmos nossa cara a tapa e nossas vozes nas ruas!

Decidimos, como povo de uma nação só, que as portas da corrupção estão e sempre estarão emperradas. Não deixaremos mais que políticos e empresários passem por elas.

Portas abertas, só as da cadeia.

De porta em porta, as que necessitam ser trancadas pelo povo e outras, escancaradas por nós mesmos, chegaremos lá: no Brasil que sonhamos e que é justo para nós, seu povo!






Jornalista literária e cronista, além de psicóloga narrativa com especialização em práticas colaborativas