“O amor não pode limitar-se ao mínimo indispensável. O amor exige o máximo!”, um relato sobre Madre Teresa
1974, Calcutta, West Bengal, India --- Mother Teresa with a child from the orphanage she operates in Calcutta. Mother Teresa (Agnes Gonxha Boyaxihu), the Roman Catholic-Albanian nun revered as India's "Saint of the Slums," was awarded the 1979 Nobel Peace Prize. --- Image by © Nik Wheeler/Sygma/Corbis

Publicado originalmente em Aleteia

Em seu estupendo e altamente recomendado livro “A Força do Silêncio“, o cardeal Robert Sarah compartilha um caso contado pelo também cardeal Angelo Comastri, arcipreste da Basílica de São Pedro, ocorrido com ele mesmo quando ainda era o jovem padre Angelo, de recente ordenação sacerdotal. Trata-se, nada menos, que do seu primeiro e impactante encontro pessoal com a Madre Teresa de Calcutá.

Eis o relato do cardeal Comastri, conforme compartilhado pelo cardeal Sarah:

Telefonei para a casa-mãe das Irmãs Missionárias da Caridade, para marcar um encontro com a Madre Teresa de Calcutá, mas a resposta foi categórica: “Não é possível encontrar-se com a Madre, por causa dos compromissos que ela já tem”.

Ainda assim, fui até lá. A irmã que me abriu a porta perguntou-me educadamente:
– O que deseja?
– Gostaria apenas de me encontrar durante uns instantes com a Madre Teresa.

Surpreendida, a irmã respondeu:
– Lamento, não é possível…

Não arredei pé, dando a entender à irmã que não iria embora sem ver a Madre Teresa. A irmã afastou-se e voltou na companhia da Madre… Tive um sobressalto e fiquei sem palavras.

A Madre levou-me a sentar numa pequena sala perto da capela. Enquanto isso, recompus-me um pouco e consegui dizer:
– Madre, sou um padre muito novo; estou dando os primeiros passos. Vim pedir-lhe que me acompanhe com a sua oração.

A Madre olhou para mim com doçura e ternura. Depois, sorrindo, respondeu:
– Rezo sempre pelos sacerdotes. Rezarei também por ti.

Depois ela me deu uma medalha de Maria Imaculada; colocou-a na minha mão e disse:
– Durante quanto tempo rezas, por dia?

Fiquei espantado, um pouco embaraçado. Depois, procurando lembrar-me, respondi:
– Madre, celebro todos os dias a Santa Missa e rezo todos os dias o breviário. Sabe, na nossa época, é uma prova heroica (era o ano de 1969)! Também rezo todos os dias o terço e o faço de boa vontade, porque aprendi a fazê-lo com a minha mãe.

A Madre Teresa apertou com as suas mãos rugosas o terço que trazia sempre consigo. Depois, fixando em mim os seus olhos cheios de luz e de amor, disse-me:

“Isso não basta, meu filho! Não basta porque o amor não pode limitar-se ao mínimo indispensável. O amor exige o máximo!”

Não compreendi na hora aquelas palavras da Madre Teresa e, como que para me justificar, repliquei:
– Madre, esperava que me perguntasse quais são os atos de caridade que eu faço.

De repente, o rosto da Madre ficou muito sério e ela disse com voz firme:
– Achas que eu conseguiria praticar a caridade se não pedisse todos os dias a Jesus que enchesse o meu coração com o Seu amor? Achas que eu poderia percorrer as ruas à procura dos pobres se Jesus não comunicasse à minha alma o fogo da Sua caridade?

Senti-me então muito pequeno… Olhei para a Madre Teresa com admiração profunda e com o desejo sincero de entrar no mistério da sua alma, tão cheia da presença de Deus. Destacando cada palavra, ela acrescentou:

“Lê atentamente o Evangelho e verás que Jesus, pela oração, também sacrificava a caridade. E sabes por quê? Para nos ensinar que, sem Deus, somos pobres demais para ajudar os pobres!”

Naquela época, víamos tantos sacerdotes e religiosos abandonarem a oração para mergulharem – como eles mesmos diziam – no domínio social… As palavras da Madre Teresa me pareceram um raio de sol. E eu repeti lentamente aqui dentro:

“Sem Deus somos pobres demais para ajudar os pobres!”






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