
Djimon Hounsou, consagrado ator duas vezes indicado ao Oscar, deixou o seu país natal na África Ocidental e foi para os Estados Unidos, na década de 90, na busca do seu sonho de atuar nos Estados Unidos, teve que se defrontar com profundos vazios emocionais.
Em entrevista à CNN, Hounsou relatou o quanto essa decisão iria impactá-lo ao longo da vida:
“Eu certamente senti um vazio tremendo, e esse vazio é devido à falta de conhecimento de quem somos: nossa história de fundo, ou seja, nossa história, raízes ancestrais e cultura”.
Esse sentimento de desconexão se intensificou quando Hounsou protagonizou “Amistad” (1997), de Steven Spielberg, um filme que expõe as crueldades do tráfico de escravos. Durante a pesquisa para o papel, ele se deparou com as profundas feridas deixadas pela escravidão na diáspora negra. “Enquanto eu estava fazendo pesquisas para o filme, me tornei profundamente consciente da desconexão dos afrodescendentes de suas raízes e cultura”, explicou o ator.
Apesar de uma carreira marcada por grandes produções como “Gladiador” (2000), “Shazam” (2019) e a franquia “Um Lugar Silencioso”, Hounsou relata que enfrentou desafios persistentes em Hollywood, que incluem estereótipos raciais e desigualdade salarial. “Vim aqui por um sonho e estou percebendo que o racismo sistêmico estava em todas as coisas que você vê”, afirmou. Mesmo com duas indicações ao Oscar, por “Terra dos Sonhos” (2004) e “Diamante de Sangue” (2007), ele ainda luta para obter o reconhecimento e a remuneração que acredita serem justos. “Essa ideia conceitual de diversidade ainda tem um longo caminho a percorrer. Com duas indicações ao Oscar, ainda estou lutando financeiramente para sobreviver”, desabafou.
As experiências pessoais e profissionais de Hounsou foram o estopim para sua missão filantrópica. Em 2019, ele fundou a Djimon Hounsou Foundation, uma organização dedicada a unir a diáspora negra e combater a escravidão moderna. O ator enfatiza que sua principal missão é ajudar os negros ao redor do mundo a se reconectarem com suas raízes africanas.
“Isso é um sinal para você de que o racismo sistêmico não é algo com que você pode lidar levianamente, ele está tão profundamente inserido em tantas coisas que fazemos em todos os níveis”, destacou Hounsou, que continua a usar sua plataforma para promover mudanças sociais.
Ao compartilhar suas experiências, o ator espera inspirar um diálogo global sobre as questões raciais e promover uma compreensão mais profunda das raízes e culturas africanas. Como ele concluiu em sua entrevista à CNN, “Eu senti essa profunda desconexão com os afro-americanos”. Suas palavras refletem a esperança de um futuro em que a história e as contribuições da diáspora negra sejam plenamente reconhecidas e celebradas.
Créditos: foto de capa/reprodução da CNN