Às vezes, faz bem nos afastarmos de certas pessoas, por semanas, meses, ou por uma vida inteira

Texto de Marcel Camargo publicado originalmente em Psicologias do Brasil

Sem perceber, acabamos mantendo junto de nós muita tralha, muita coisa inútil. A gente se apega a objetos sem serventia e a roupas que nunca mais sairão do cabide. Buscamos uma segurança ilusória do que é palpável, a fim de lidarmos com a imprevisibilidade da vida. Nessa toada, acabamos também ficando perto de quem deveria estar bem longe.

Quando se trata de objetos, faz-se necessário se desvencilhar de tudo o que não seja mais do que entulho. No tocante a relacionamentos em geral, é necessário, da mesma forma, descarregar-se de quem nada mais é do que acúmulo de peso emocional negativo, de quem esgota nossas energias e não retorna nada de bom. Quando damos o melhor e recebemos o pior, é hora de repensar o tipo de trocas que queremos para nossas vidas.

Na verdade, todo tipo de relacionamento se desgasta, porque a convivência nos coloca lado a lado com o que é bom e com o que não é. Trata-se de pessoas que carregam um mundo dentro de si, cujas verdades nem sempre se coadunam com as verdades do outro. Mesmo que haja afeto envolvido, as pessoas precisam de espaço, de um tempo para si e, às vezes, o outro, ainda que com boas intenções, acaba por ultrapassar espaços alheios que não deveria.

A distância é benéfica em muitos casos, como, por exemplo, pode ser comprovado no momento em que os pais buscam o filhinho na escola. É um momento alegre, porque pessoas que se amam ficaram separadas por um tempo. No entanto, cada caso requer um distanciamento maior ou menor, porque nem sempre algumas horas serão suficientes para provocar a vontade de rever ou não o outro.

Às vezes, para que não sufoquemos, teremos que nos afastar de alguém por meses, por anos, ou até mesmo pelo resto da vida. Porque certas pessoas não conseguem ser felizes, tampouco fazer ninguém feliz, muito pelo contrário. Após tentarmos e aconselharmos, notaremos que alguns indivíduos não mudam, jamais mudarão, pois não conseguem enfrentar a si próprios. Nesses casos, ou nos afastamos de vez, ou teremos sempre alguma pendência emperrando nossa busca pela felicidade.






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