
Consentimento, memória e redes sociais raramente cabem na mesma história sem virar sermão. I May Destroy You (Max), criada e protagonizada por Michaela Coel, faz isso com precisão cirúrgica — em capítulos curtos, cheios de ideias e sem medo do desconforto.
Lançada em 2020, a minissérie rendeu a Coel o Emmy de Roteiro e virou referência de como falar de trauma com inteligência.

A protagonista é Arabella Essiedu, escritora em ascensão que estourou com o primeiro livro e agora precisa entregar o segundo sob prazos apertados, olhares da internet e tentações de uma Londres noturna.

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Numa saída com amigos, a bebida dela é adulterada. No dia seguinte, ficam apenas lacunas: flashes, ruídos, a sensação de que algo gravíssimo aconteceu. A partir daí, vemos Arabella reconstruir o próprio passado enquanto tenta continuar vivendo.
O texto alterna humor ácido e dor crua, sem aliviar para ninguém. O roteiro encara temas como violência sexual, exposição online, amizades que seguram a barra e o jeitinho com que a indústria cobra conteúdo de quem ainda está tentando se reerguer. A direção (Coel e convidados) usa muito ponto de vista, cortes secos e celulares como peças narrativas — cada notificação pesa.

O elenco sustenta tudo com folga: Paapa Essiedu dá camadas ao melhor amigo Kwame, cuja trajetória também confronta consentimento; Weruche Opia é Terry, cúmplice e espelho de Arabella quando a linha entre apoio e autoproteção fica borrada. As atuações constroem personagens falhos, contraditórios e muito humanos.
São episódios enxutos, fáceis de maratonar e difíceis de esquecer: cada um avança a investigação íntima de Arabella e desloca o espectador de lugar. Onde assistir: Max. Alerta de gatilho: conteúdo forte sobre abuso e retraumatização.
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