Baseado em fatos reais, este filme da Netflix é intenso do início ao fim

Não há como assistir aos primeiros minutos de Harriet sem sentir o coração acelerar: uma jovem escravizada atravessa um campo ao entardecer, respirando como quem foge do próprio passado.

É dessa pulsação que o longa de 2019 — recém-chegado à Netflix — se alimenta até o último quadro. Dirigido por Kasi Lemmons, o filme coloca a lendária Harriet Tubman no centro da ação, evitando qualquer tratamento de vitrine histórica.

Logo na primeira sequência, Harriet (Cynthia Erivo) descobre que será vendida e decide fazer algo impensável para a época: fugir sozinha por quase 160 quilômetros até a Filadélfia. O roteiro não poupa detalhes da travessia: rios gelados, cães de caça e a constante ameaça de caçadores de recompensa.

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Mas o que poderia ser apenas uma fuga sobrevive como ponto de partida. Depois de conquistar a própria liberdade, Harriet retorna repetidamente ao sul para guiar parentes e desconhecidos pela chamada Ferrovia Subterrânea — rede clandestina de abolicionistas que burlava leis e patrulhas noturnas.

A atuação de Cynthia Erivo sustenta essa trajetória com um mix de fragilidade e determinação incomum. Quando a câmera fecha em seu rosto, cada respiração pesada parece traduzir o custo físico e mental de desafiar um sistema inteiro.

Leslie Odom Jr. e Janelle Monáe complementam o elenco como aliados estratégicos, fornecendo abrigo, documentos falsos e, sobretudo, a certeza de que ninguém se liberta sozinho.

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Visualmente, Harriet evita a fotografia polida típica de dramas de época. A luz de lampiões, o vapor de trem e a lama das trilhas criam um ambiente quase tátil. Outra escolha acertada é a trilha de Terence Blanchard: tambores discretos e corais negros pontuam momentos decisivos, lembrando que fé e música foram, por muito tempo, código de resistência.

O suspense não vem de reviravoltas artificiais, mas do relógio interno que o filme mantém ligado: cada resgate é cronometrado entre troca de guardas, expedições de busca e mensagens cantadas em campo aberto. Mesmo quem conhece o desfecho histórico se pega em dúvida sobre quem vai conseguir atravessar a fronteira naquela noite.

Além de narrar feitos heroicos, o longa destaca o preço pago por quem enfrentou leis federais, milícias armadas e a indiferença de boa parte do norte abolicionista. Harriet transforma esse registro em cinema pulsante, provando que a história de uma só pessoa pode carregar a tensão de um thriller, a coragem de um épico e a urgência de um grito ainda atual.

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Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.