Adolescência costuma ser laboratório de identidade: todo dia aparece um espelho novo — no corpo, no afeto, na maneira de existir entre amigos e família. “Diário da Minha Vagina” (2023), escrito e dirigido por Molly McGlynn, encara esse período sem floreios e com humor afiado, acompanhando uma adolescente que precisa reorganizar o próprio mundo quando descobre algo que não estava no roteiro.
Logo de cara conhecemos Lindy (Maddie Ziegler), 16 anos, que ainda não menstruou e vive a ansiedade comum de quem quer “alcançar” os colegas.
Exames de rotina revelam a síndrome MRKH — condição rara em que a pessoa nasce sem útero e com canal vaginal ausente ou subdesenvolvido. A notícia chega justamente quando ela começa a sentir atração por Adam (D’Pharaoh Woon-A-Tai) e a pensar em sexualidade de forma mais concreta.
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O diagnóstico reconfigura tudo: Lindy não menstruará, não poderá engravidar e precisará de dilatação vaginal — ou cirurgia — para possibilitar penetração. A sobrecarga emocional bate forte: como contar a alguém? Como lidar com olhares alheios e expectativas próprias? Nesse turbilhão, ela se afasta de quem mais confia, inclusive da melhor amiga Viv (Djouliet Amara), tentando ganhar tempo para entender o que sente.
A trama abre espaço para experimentação e acolhimento quando Lindy se aproxima de Jax (Ki Griffin), jovem intersexo que amplia o horizonte de conversa sobre corpo, desejo e linguagem. Essa amizade não surge como salvadora, e sim como um lugar possível de escuta — onde a protagonista percebe que autonomia não depende de caber em definições rígidas.
Outro eixo poderoso está em casa. Rita (Emily Hampshire), mãe de Lindy, enfrentou um câncer de mama e carrega uma cicatriz que também conversa com a ideia de “feminilidade” imposta. As duas dividem silêncios, atritos e momentos de cumplicidade, costurando um retrato honesto de cuidado imperfeito — o tipo de relação em que amor e desorientação convivem na mesma mesa do café.
Molly McGlynn, em história semiautobiográfica, evita transformar cenas íntimas e procedimentos médicos em espetáculo. A câmera privilegia rostos e reações, não corpos expostos, o que faz diferença: o foco fica na experiência de Lindy, não na curiosidade do espectador. É um filme que conversa bem com adolescentes, mas sem simplificar dilemas; a graça está em como o roteiro encontra leveza sem diluir a dor.
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