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Rodrigo Santoro surpreende em papel arrasador na Netflix — e quem assistiu garante que é impossível sair ileso!

Tem filmes que já começam pequenos, num cenário quase silencioso, mas vão empilhando cenas até que você se pega vendo os créditos com um nó na garganta.

“O Filho de Mil Homens”, novo longa brasileiro da Netflix estrelado por Rodrigo Santoro, faz exatamente isso: parte da vida simples de um pescador e, sem alarde, vai abrindo espaço para temas pesados como solidão, vergonha, desejo de pertencer e formas de família que fogem do padrão.

Dirigido e roteirizado por Daniel Rezende, o filme adapta o livro homônimo do escritor português Valter Hugo Mãe, best-seller de 2011.

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É a primeira vez que a prosa do autor chega ao audiovisual, e o resultado mantém o tom poético da obra original, com uma narração em off de Zezé Motta que atravessa a trama como se estivesse comentando confidências de um diário.

A história acompanha Crisóstomo (Rodrigo Santoro), um pescador de 40 anos que carrega há muito tempo a culpa de nunca ter conseguido ser pai.

Ele vive isolado numa vila litorânea, tentando sobreviver entre o mar, a rotina e um sentimento constante de que ficou de fora da vida dos outros. Um dia, essa rotina é rasgada pelo encontro com Camilo (Miguel Martines), menino órfão de 12 anos que parece tão perdido quanto ele.

A partir desse encontro improvável, o filme vai encaixando outras figuras quebradas: Isaura (Rebeca Jamir), fugindo de uma relação abusiva, e Antonino (Johnny Massaro), jovem adulto que luta para ser aceito como é.

De pouco em pouco, esse grupo de estranhos forma uma família improvável, feita mais de decisão do que de sangue.

O impacto emocional do filme nasce justamente dessa costura de personagens cheios de fissuras. Crisóstomo é um homem que se sente falho, ultrapassado, e Santoro assume o papel sem vaidade nenhuma: barba por fazer, pele queimada de sol, corpo cansado, roupas gastas.

O ator se apaga como galã para aparecer como trabalhador pobre, com um jeito meio envergonhado de quem não sabe pedir nada para a vida.

Essa construção é reforçada por uma caracterização intensa, que exigiu da equipe um olhar minucioso para os detalhes – do chapéu de palha ao modo como o personagem se movimenta na areia, sempre parecendo um pouco menor que o mundo à volta.

Ao redor dele, o elenco segura bem o peso dramático. Miguel Martines, como Camilo, constrói um menino que mistura dureza e fragilidade – alguém que já entendeu cedo demais que ninguém é garantido.

Rebeca Jamir entrega uma Isaura que guarda trauma e, ao mesmo tempo, uma vontade imensa de recomeçar. Johnny Massaro aparece como um corpo deslocado, tentando se encaixar numa sociedade que insiste em empurrá-lo para a margem.

Não há grandes discursos; é nos gestos pequenos, nos olhares atravessados e nas hesitações que o filme fala sobre abandono, preconceito e desejo de afeto.

Visualmente, “O Filho de Mil Homens” também cutuca. As locações em Búzios e na Chapada Diamantina, principalmente a Praia de José Gonçalves com sua cabana azul cravada na areia, criam um cenário bonito de ver, mas que nunca vira cartão-postal vazio.

O mar, o vento, as casas simples e as estradas de terra funcionam como extensão do estado emocional dos personagens: às vezes acolhem, às vezes engolem. A fotografia aposta em planos que deixam o tempo correr, permitindo que o silêncio incomode, que as pausas pesem, que o desconforto apareça.

A direção de Daniel Rezende se afasta de melodrama fácil. A emoção vem mais das contradições do que de cenas “chorosas”.

O filme fala de adoção, de relações homoafetivas, de corpos que fogem do padrão, de mães e pais que não deram conta, de filhos que não receberam o amor que mereciam – e faz isso com delicadeza, mas sem edulcorar a dor.

A sensação de devastação que muitos espectadores descrevem depois de assistir tem menos a ver com tragicidade gratuita e mais com o acerto incômodo de certas situações: quem já se sentiu errado, rejeitado ou “do lado de fora” provavelmente vai se reconhecer em algum ponto ali.

No fim, “O Filho de Mil Homens” se destaca no catálogo da Netflix como um drama brasileiro que leva a sério a sensibilidade do público.

Ele fala de gente comum, com defeitos bem visíveis, tentando montar do zero uma casa onde caibam suas dores e seus afetos.

E é justamente esse movimento de tentar, falhar e tentar de novo que transforma o papel de Rodrigo Santoro em algo tão devastador: a sensação de que, em algum nível, todo mundo carrega um Crisóstomo por dentro, esperando que a vida, um dia, finalmente lhe devolva um pouco de pertencimento.

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Gabriel Pietro

Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.

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