Colunistas

Reciprocidade, mais do que receber de volta, é receber o que merecemos

Muito se diz, hoje em dia, sobra a necessidade de mantermos junto a nós quem corresponde, quem devolve o que damos, o que lançamos, o que somos. Quem entende e pratica a reciprocidade. Mais do que isso, no entanto, é necessário que tenhamos clareza quanto àquilo tudo que queremos e merecemos receber, ou poderemos ficar do lado errado da balança.

Se o que nos dispusermos a ofertar for amor de verdade, transparência, carinho, sorrisos e inteireza, nada do que andar na contramão de nossa doação afetiva poderá ser aceito de volta. Não podemos nos contentar com retornos frios, vazios, dissimulados, sem verdade, sem vontade, sem prazer. Nada do que não for correspondido carregará carga de sentimentos afetivos que nos bastem, que nos sosseguem os sentimentos.

Muitas pessoas acham que mandar um simples oi pelo celular, trabalhar e vir para casa, dormir na mesma cama e prover o lar economicamente são comportamentos suficientes para manter vivo um relacionamento a dois. Apegam-se às aparências e às necessidades tão somente materiais, esquecendo-se de que somos muito mais do que isso tudo. Temos um mundo a ser preenchido também dentro de cada um de nós.

E, caso aceitemos com resignação silenciosa as esmolas alheias, passando por cima das carências sentimentais que abriga a nossa essência, estaremos fugindo cada vez mais às reais possibilidades de podermos nos sentir completos, felizes e realizados. Estaremos cada vez mais vazios de sonhos e de esperanças, de amor e de essência humana, pois teremos, a pouco e pouco, desistido de lutar pela completude que caracteriza o estar junto, com ida, volta, reviravoltas, lá e cá, dentro e fora.

Ninguém, mais do que nós mesmos, sabe com precisão o que somos, o que queremos, quais são as nossas necessidades, nossos sonhos, nossas escuridões. Certamente, não conseguimos nos enganar, mesmo que queiramos, tampouco poderemos nos sentir confortáveis tentando nos conformar com uma vida em que tudo sai da gente, mas nada nos chega inteiro, nada nos retorna completo, nem ninguém nos devolve verdades.

Não desistamos, pois, de nos entregar de forma total, por conta dos ecos vazios que tentarão nos empurrar de volta. Continuemos firmes em nossas verdades, para que repousemos nossa essência junto a quem há de nos receber com o abraço apertado de uma alma iluminada, mesmo que demore, pois é isso, nada menos do que isso, o que merecemos.

Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Gaming e Saúde Mental: Explorando a Conexão

Os jogos se tornaram uma parte integral do entretenimento moderno, cativando milhões de jogadores em…

9 horas ago

Já viu? Filmaço na Netflix que virou trend mundial já foi assistido por mais de 25 milhões de pessoas

Você está em busca de algo intrigante para assistir? Então talvez seja a hora de…

23 horas ago

Charmoso, encantador e poderoso: Este é o filme mais bonito que você vai ver na Netflix essa semana

Se você está procurando uma história que aqueça o coração com doses generosas de autenticidade…

23 horas ago

5 GRANDES MENTIRAS contadas em filmes e séries que chocaram o público

Os roteiristas adoram jogar com a expectativa do público, frequentemente nos surpreendendo com reviravoltas baseadas…

24 horas ago

Morre Maddy Baloy, TikToker de 26 anos que compartilhou sua luta contra o câncer terminal

No domingo, 28 de abril, Maddy Baloy, conhecida no TikTok por sua coragem ao documentar…

1 dia ago

Cabrini revela confissão que poderia ter evitado morte de Senna

Um anúncio que jamais desejamos oferecer ecoou por todo o país: "Ayrton Senna da Silva…

2 dias ago