Educação

Educar seus filhos com punição só os fará ‘se comportar’ enquanto você os observa

Com informações de UPSOCL

Como já versava há milênios o provérbio, deve-se ensinar a criança “no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele”. O provérbio é enfático quanto a não se tratar de ensinar ‘o’ caminho e sim ‘no’ caminho, coisa que se empreende caminhando junto, oferecendo-se àquele que se pretende educar como um modelo a ser seguido, dando o exemplo. Como, portanto, esperar que uma criança não se torne um adulto violento e agressivo “educando-a” por meio de punições violentas?

Inúmeras pesquisas tem apontado, recentemente, para o fato de que o comportamento violento na vida adulta guarda profundas relações com uma educação familiar marcada por punições corporais, pela agressividade dos pais e pela ausência de abertura por parte deles ao diálogo, à conversa cordial em que se permite à criança expressar seus sentimentos e seus pensamentos.

As punições físicas, além de ineficazes do ponto de vista formativo, além de gerarem na criança uma relação de desconfiança em relação aos pais (dos quais, por medo, ela pode acabar omitindo informações importantes sobre o que acontece com ela quotidianamente), informam a criança de que por meio da violência é que se resolve vários dos problemas com os quais ela, e o adulto que ela virá a ser, se defrontam e se defrontarão ao longo da vida. Em larga escala, esse modo de “educar” promove a construção de uma sociedade a cada dia mais intolerante e truculenta, avessa, inclusive, a valores democráticos.

Estudo recentemente promovido por pesquisadores da Universidade de Michigan concluiu, ao estudar adultos que foram punidos com golpes durante a infância, que, como resultado, muitos costumavam sofrer de depressão. Crianças traumatizadas abusavam de bebidas alcoólicas e até tinham tendências suicidas. No Canadá, outros estudos produzem dados semelhantes: segundo o Journal Pediatrics, crianças que sofreram “severas punições físicas” apresentaram estados bastante agudos de ansiedade e desespero .

É urgente, portanto, se é que pretendemos progredir enquanto sociedade e construir não apenas um mundo melhor para nossas crianças mas, também, crianças melhores para o mundo, deixar qualquer vestígio deste retrógrado modelo educacional, marcado pela presença da crueldade, e da violência no passado. Teremos, caso o façamos, se não todas as condições necessárias para resolvermos os problemas sociais que acometem a sociedade moderna, ao menos boa parte delas.

Revista Pazes

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