A série colocou Tremembé no centro das conversas, mas o presídio tem bastidores que ficaram fora da tela — histórias que atravessam crença, fuga improvável, concursos internos, economia clandestina e projetos de leitura.
O livro “Tremembé – o presídio dos famosos”, de Ullisses Campbell (Matrix), serve de guia para esse subsolo de relatos que ajudam a entender como a vida carcerária cria seus próprios códigos. A seguir, cinco histórias que dariam material para mais uma temporada.
Entre as celas, uma ganhou fama por sessões mediúnicas conduzidas por Luiza Motta, condenada por homicídio culposo após atropelar e matar um homem alcoolizada.
Ali, segundo detentas, cartas psicografadas chegavam com pedidos de perdão e mensagens de consolo. Há quem diga que Suzane von Richthofen teria recebido uma carta “assinada” pela própria mãe, com palavras de absolvição.
Fato incontestável é o efeito que a crença teve sobre a rotina: a cela virou ponto de peregrinação interna.
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Em 2007, Dominique Cristina Scharf, a “Dama do Cárcere”, usou uma plantação de maracujazeiros que subia pelo muro como apoio para escalar cerca de seis metros.
Pulou, quebrou perna e braço na queda — e, ainda assim, conseguiu escapar. O episódio circula nos corredores como uma anedota de audácia, mas também como alerta sobre brechas físicas improváveis.
Com calendário próprio, a Secretaria de Administração Penitenciária organiza um concurso anual que virou tradição: além da faixa principal, há Simpatia, Plus Size, Garota Revelação e até Mister Tremembé.
A categoria masculina contempla homens trans em alas femininas, mulheres lésbicas de expressão masculina e detentas masculinizadas.
Em 2014, o Mister ficou com Sandra Regina Ruiz Gomes, a Sandrão, figura central de relacionamentos envolvendo Suzane e Elize Matsunaga. O evento funciona como válvula de escape e, ao mesmo tempo, retrato das dinâmicas de identidade no cárcere.
Em esquema típico de “empreendedorismo do crime”, um grupo abriu passagem secreta no forro de um galpão para abastecer a unidade com crack. A lógica econômica era simples: compravam a R$ 10 fora, revendiam por até R$ 50 dentro.
À noite, a fumaça se espalhava pelos corredores; usuários cambaleavam visivelmente. O plano ruiu quando um devedor, sem crédito com os próprios traficantes, denunciou o esquema.
Criado por Gil Rugai (condenado por matar o pai e a madrasta), o Café Literário reuniu internos de pavilhões diferentes para discutir textos de Dante (A Divina Comédia), Dostoiévski (Crime e Castigo) e Cora Coralina, entre outros.
O encontro misturava leitura, debate e descompressão, mostrando como projetos de ressocialização ganham força quando atravessam muros simbólicos: conversar com o outro, organizar ideias, disputar interpretações.
Do misticismo à leitura, do desfile à rota de fuga, essas histórias mostram uma Tremembé que fala de poder, afeto, mercado, culpa e sobrevivência. Tudo o que a série acenou — e que, fora da câmera, continua reverberando.
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