Psicologia e Comportamento

Ainda não compreendeu a razão de tanto incômodo com o “Bela, recatada, do lar”? Leia!

Abaixo seguem duas pontuações acerca do “Bela, recatada, do lar”, título de um artigo da Revista Veja que fez com que as redes sociais se “rebelassem”, povoando a internet com dizeres e fotos que nos levam a refletir a quem interessa a padronização da mulher brasileira.

A Revista Pazes também quer saber a sua opinião. Seus comentários e reflexões enobrecem este espaço.

BRINCADEIRA É COISA SÉRIA

Uma amiga postou que toda brincadeira, por mais engraçada, repetida com excesso, cansa e perde a graça. Ela estava se referindo ao “Bela, recatada e do lar”. Esta brincadeira tem 3 dias; no máximo, 4. Mas através dela faço uma reflexão. As minorias, entre as quais me incluo, passam anos e anos ouvindo as brincadeiras repetitivas. Das menores às maiores . Mas todas, igualmente, cansam. A criança míope e seus quatro olhos; o gordo passa a ser a bola; o que manca, deixa que eu chuto. Estes são comentários mais frequentes entre adolescentes. Mas existem os olhares. Eu convivo com olhares há 30 anos. Outros mais, outros menos. Mas onde você vai com seu filho diferente, um olhar alheio vai junto.

E não te cabe o direito de cansar. Te cabe a opção de inventar alternativas. Não ligar, encarar de volta ou voltar pra casa.

E eu faço de cada pequeno comentário , como o de hoje, uma grande oportunidade para mostrar como o preconceito é presente em todos os dias das nossas vidas. E quando a gente passa a pensar nele, através das miudezas, ele tende a diminuir. Um pouquinho de cada vez. Então, expanda seu pensamento. Tente olhar além do seu comentário. Você vai se surpreender…
Odette Castro, design de eventos e escritora –autora do livro “Rubi” que retrata a sua desafiadora convivência com a filha caçula, portadora da Síndrome de Rubinstein-Taybi

FEIA, DESPUDORADA E DA RUA

Basta catar miudezas preciosas do cotidiano para ver o que está em jogo. Belas, recatadas e do lar sempre nutriram o imaginário do patriarcado, mantendo, em correntes seculares, os modelos de conjugalidade e moralidade do ideário romântico. Mas, se nos dispusermos, rompendo todo o estrabismo de cérebros “acima de qualquer suspeita”, a andar pelas ruas, sem choferes particulares alinhados e belos, se nos aventurarmos pelo transporte público, se nos aproximarmos das belas e trabalhadoras mulheres que nos enriquecem a existência fora do sacrossanto lar, nos depararemos com um Brasil plural, belo, sim, em suas diferenças: melaninas, capilares, sexuais, inclinações, sabores e construtos culturais.

Belas, recatadas e do lar são o silêncio necessário à manutenção do “status quo”. São as boas impressões, ensaiadas exaustivamente nos púlpitos da hipocrisia, tendo como exemplo sumarento as cenas de beleza, recato e domesticidade que vimos no “freak show” do último domingo. Belos, enclausurados e domesticados não sairão às ruas, nunca questionarão noticiários, e o único spray de pimenta que lhes chegará às retinas será o de receitas culinárias, em vasilhames belos, contidos, no lar.

Quero o avesso.

Luiz Fernando Braga, professor de Língua Portuguesa e Literatura da Universidade Federal Fluminense/Coluni (Niterói-RJ)

Revista Pazes

Uma revista a todos aqueles que acreditam que a verdadeira paz é plural. Àqueles que desejam Pazes!

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