Nem todo filme que impacta logo de cara vira assunto eterno. Alguns títulos, mesmo sendo tecnicamente impecáveis e narrativamente potentes, acabam soterrados por modismos, blockbusters e algoritmos de recomendação que priorizam mais do mesmo.
Mas quem gosta de cinema sabe: há verdadeiros acertos que ficaram de fora do radar popular — e redescobri-los pode ser surpreendente. A lista abaixo reúne cinco produções que foram deixadas de lado, mas ainda hoje oferecem experiências intensas, provocadoras ou absurdamente bem feitas.
Neste filme, Tarkovski não entrega uma narrativa convencional. O que se vê é um quebra-cabeça de memórias, sonhos e sensações soltas. É como se ele quisesse traduzir o pensamento humano, que salta de uma lembrança à outra sem lógica aparente. Entre cenas da Segunda Guerra Mundial e momentos íntimos da infância de um narrador sem nome, o diretor mistura poesia, fotografia impactante e fragmentos históricos reais. É um filme exigente, mas que recompensa quem se entrega ao ritmo.
Muito diferente do tom leve que se associa ao Studio Ghibli, este longa-metragem de animação mergulha na devastação emocional da guerra. Acompanhamos dois irmãos tentando sobreviver após um bombardeio no Japão — e o desenho, longe de suavizar a realidade, torna tudo mais cruel. Sem apelos fáceis e longe do sentimentalismo forçado, o filme mostra como o sofrimento infantil durante um conflito armado é algo que a ficção raramente tem coragem de retratar com tanta honestidade.
Baseado em um texto de Georges Perec, o filme é narrado inteiramente em voz off, como se fosse uma carta destinada ao próprio protagonista, que vive isolado do mundo. Sem trilha sonora tradicional e com planos longos que evitam qualquer dinamismo forçado, a produção mergulha no tédio, na apatia e na sensação de ausência. É uma experiência quase hipnótica, mais próxima de um experimento sensorial do que de uma narrativa clássica — e talvez por isso tenha sido engavetada por tanto tempo.
Mais do que um retrato do fim de uma era, o longa de Bogdanovich capta o esvaziamento emocional de uma cidade interiorana do Texas nos anos 1950. Filmado em preto e branco mesmo numa época já dominada pela cor, o visual reforça o tom melancólico e direto da história. O cinema local está prestes a fechar as portas, e com ele também se apagam os vínculos de afeto entre os moradores. O elenco jovem, que inclui Jeff Bridges e Cybill Shepherd, entrega atuações cruas e sem floreios, no tom exato do que a narrativa propõe.
Inspirado em um caso real ocorrido em Tóquio, o filme acompanha quatro irmãos abandonados pela mãe, que passam a viver sozinhos num pequeno apartamento, escondidos da vizinhança. A direção de Kore-eda evita dramatizações óbvias: os acontecimentos se acumulam de forma silenciosa, com longas cenas do cotidiano das crianças. O peso da situação vem devagar, na repetição dos gestos, na precariedade crescente e na maturidade forçada que se impõe sobre os mais velhos. É um drama delicado e desconcertante — e, por algum motivo, pouco falado até hoje.
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