Indicação de Filme

Para esse fim de semana: O romance com Meryl Streep e Uma Thurman que vai curar seu mau humor em 10 minutos

Funciona assim: uma terapeuta brilhante, uma paciente recém-divorciada e um artista de vinte e poucos anos cruzam caminhos em Nova York — e o choque entre ética, desejo e constrangimentos rende um dos romances mais espirituosos dos anos 2000.

“Terapia do Amor” (2005), de Ben Younger, acerta o tom da comédia adulta que prefere bons diálogos e situações embaraçosas a truques fáceis. Meryl Streep, Uma Thurman e Bryan Greenberg conduzem a história com química precisa e humor afiado.

Rafi (Uma Thurman), 37, tenta reorganizar a vida depois do divórcio e se permite uma paixão que vem sem manual: David (Bryan Greenberg), 23, pintor talentoso, ainda aprendendo a equilibrar ambição e responsabilidade.

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A diferença de idade não é tratada como choque de gerações gratuito; vira material dramático para falar de timing, expectativas e limites. O romance nasce leve, feito de saídas improvisadas, mesas apertadas em cafés e conversas que passeiam entre futuro e inseguranças.

O “plot twist doméstico” que empurra tudo para o terreno da comédia de constrangimento chega quando Lisa (Meryl Streep), terapeuta de Rafi, descobre que o namorado da paciente é seu próprio filho.

A partir daí, cada sessão vira campo minado: o que pode ser dito, o que deve permanecer guardado, o que fazer com informações que chegam pelo divã e pela cozinha de casa.

Streep trabalha nos detalhes — olhares que vacilam, pausas calculadas, respirações curtas — para dar corpo a uma mulher dividida entre dever profissional e instinto materno.

Lisa, acostumada a orientar a vida alheia com método, passa a lidar com dilemas que os manuais não cobrem. Como aconselhar a paciente sem interferir no destino do filho? Como proteger vínculos sem trair confidências?

A dinâmica entre mãe e filho ganha camadas sem transformar ninguém em vilão. A graça nasce do desconforto: mentirinhas brancas, segredos mal guardados, justificativas improvisadas. O riso vem porque a situação é crível — e dolorosamente familiar.

Rafi foge da caricatura da “mulher madura em crise”. Thurman a apresenta como alguém espirituosa e vulnerável, que aprende a aceitar o imprevisto enquanto descobre limites que achava ter superado.

David, por sua vez, representa o entusiasmo de quem está estreando na vida adulta: talento, impulso e certa bagunça emocional. Quando as diferenças aparecem — prioridades, ritmo de carreira, vontade de compromisso —, o filme não busca lições fáceis; registra atritos com honestidade e mantém o carinho intacto.

Ben Younger escolhe uma direção discreta e certeira: cenas que respiram, cortes que respeitam o tempo do constrangimento e uma Nova York de apartamentos pequenos, ateliês com latas de tinta e encontros em lugares pouco turísticos.

Essa “estética do cotidiano” sustenta a verossimilhança e deixa os atores brilharem. A fotografia aposta em luz suave e paleta contida; a trilha de Alec Puro caminha ao lado da cena, em vez de empurrar a emoção para cima.

O texto de Younger evita sermão. O filme enxerga os personagens com empatia quando erram e recusa punições morais. O humor nasce de situações-limite — a terapeuta fingindo neutralidade enquanto reconhece detalhes do próprio filho nas confidências da paciente —, nunca do rebaixamento.

Em vez de “gags” barulhentas, surgem piadas de tempo, olhares atravessados, confissões pela metade. É nessa economia que a história encontra o equilíbrio entre graça e melancolia.

Quando a narrativa se volta à ética do consultório, “Terapia do Amor” fica mais interessante: sigilo, conflito de interesses, transparência com a paciente — tudo aparece como problema real, com consequências para relações que importam.

A cada nova sessão, cresce a pergunta que sustenta o filme: como conciliar afeto e dever sem desmontar o que mantém essas pessoas funcionando?

No fundo, é um filme sobre amadurecimento afetivo. Rafi tenta recobrar estabilidade sem perder a leveza recém-encontrada; David busca um lugar no mundo que caiba seus quadros e suas escolhas; Lisa precisa reaprender limites.

As combinações entre eles geram ternura e frustração em doses quase matemáticas — e o riso vem, justamente, por reconhecer que a vida raramente se comporta do jeito que a gente planeja.

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Gabriel Pietro

Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.

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