Quem percorre o catálogo da Netflix em busca de pérolas escondidas talvez esbarre numa ficção científica dos anos 2000 em que Christian Bale troca o capuz do Batman por um sobretudo preto e muita coreografia de pistolas.
“Equilibrium”, praticamente ignorado pela imprensa na estreia limitada de 2002, voltou à conversa dos cinéfilos depois de figurar repetidamente entre os títulos mais clicados da plataforma no Brasil — prova de que o público, às vezes, descobre tarde aquilo que a crítica deixou passar.
Leia também: 5 estreias na Netflix que são muito melhores do que você espera
Num futuro que sofreu uma Terceira Guerra Mundial, os governantes decidem que o problema da violência está nas emoções. A solução?
Obrigar toda a população a se injetar diariamente com Prozium, um inibidor de sentimentos, e banir qualquer obra de arte que possa mexer com o coração. Esse regime é chefiado por uma figura onipresente chamada “Pai” e vigiado por clérigos-soldados treinados para caçar “transgressores sensoriais”.
Bale interpreta John Preston, um desses clérigos impecáveis em pontaria e lealdade. Tudo muda quando ele erra uma dose de Prozium e passa a sentir — algo tão simples quanto ouvir música torna‑se um evento sísmico para ele.
Daí para a rebelião é um pulo, e o ator entrega um protagonista cheio de camadas sem precisar de monólogos extensos.
Com orçamento enxuto de US$ 20 milhões, o diretor Kurt Wimmer filmou grande parte das cenas de ação na Alemanha, criando o “gun kata”, uma dança de tiros que mistura artes marciais e geometria de balística.
A coreografia lembra a moda pós‑“Matrix”, mas tem personalidade própria — tanto que virou referência para fãs de cinema de ação nos fóruns da internet.
Wikipedia
Por trás das balas e poses, o roteiro cutuca temas espinhosos: governos que apostam em soluções simplistas, o trauma coletivo deixado por ditaduras e o perigo de terceirizar decisões éticas a algoritmos ou drogas milagrosas. A discussão continua atual, e talvez seja isso que tenha garantido ao longa sobrevida duas décadas depois da bilheteria decepcionante.
Revisitá‑lo hoje é, ao mesmo tempo, conferir um espetáculo de coreografia estilizada e refletir sobre a tentação autoritária de eliminar o que nos torna humanos.
Compartilhe o post com seus amigos! 😉
Tem dia em que a gente só quer ligar a TV, colocar a Netflix e…
Ruth Codd virou um rosto conhecido primeiro entre fãs de terror da Netflix e, mais…
De vez em quando, a Netflix resgata um título que, fora do streaming, passou quase…
Antes de virar “queridinho” de sites cristãos e alvo de críticas em colunas progressistas, Kirk…
Quem olha para Grimes só como “a ex de Elon Musk” perde de vista o…
À primeira vista, dá para achar que Black Rabbit é “só” mais um thriller criminal…