Terminei de escrever meu livro! E agora?


Por Rogério Fernandes Lemes

Recebo inúmeros questionamentos sobre o mundo editorial. Geralmente, os marinheiros de primeira viagem, cheios de sonhos e um livro fresquinho tirado do forno, são os mais inseguros. “E agora? Como fazer? Para onde ir?” Se você já fez essas perguntas e outras tantas mais a respeito de seu projeto, parabéns. Esse é o plano e você já tem meio caminho andado na direção de sua noite de autógrafos.
Se você acha que a maior dificuldade de um autor é escrever um livro, sinto desapontá-lo. Publicar um livro é que pode ser mais complicado e estressante.

Os autores brasileiros vivem um momento dourado quando o assunto é publicação. Calma. Eu sei de tudo que você está pensando aí: que é difícil vender os livros; que as pessoas preferem comprar celulares e tomar sorvete a investir em seu capital simbólico, a leitura – há exceção, é claro – e que já viu vários casos de projetos literários serem um verdadeiro desastre. Digo momento dourado pela facilidade das tecnologias disponíveis, desde a diagramação direta em um editor de texto às gráficas rápidas de pequenas tiragens. Mas é preciso calma e, mais ainda, decifrar o recurso para não ser devorado por ele.

Conheço, por exemplo, autores que choraram quando receberam seus livros. A realização de um sonho destruída. Não se trata de um drama ou exagero o que escrevo, mas uma realidade que existe e tem tirado o sono e o sonho de muitos autores.

Livros que desfolham; páginas faltando pedaços de textos, partes da obra que sumiram; formatação que desapareceu; capa com cores diferentes e desbotadas e por aí vai. Mas qual é a raiz do problema? Seriam as gráficas? As Editoras? A famigerada musa de Bradbury? Os monstros do porão? O café?

Certamente que não. E é sobre isso que falarei um pouco.

Você precisa entender que quando falamos de produção editorial, tudo conta. Do designer da capa ao layout das páginas internas tudo está conectado e, nem sempre, o barato te faz feliz. Sempre penso no seguinte ditado: “não invista porque ficou barato, mas porque o trabalho tem qualidade e atende às minhas necessidades como autor”.

Nos vários orçamentos que faço para escritores, poetas e autores, a observação é quase sempre a mesma: “nossa tudo isso”? Chega a dar um desânimo.

O editor, ao receber um original, pensa como editor. Sua visão é um caleidoscópio literário. Ele sabe, por sua experiência editorial, qual o tipo de papel ideal para o projeto, o estilo e o tamanho da fonte, possíveis nuances dentro da psicologia das cores, designer limpo, leve, original e o mais próximo possível da ideia central da obra. O editor é o profissional indicado para um resultado de qualidade ao seu projeto literário.

Também ouço muito o seguinte: “eu já fiz a diagramação do meu livro. Está tudo prontinho”. O que as pessoas não sabem é que os editores utilizam softwares especialmente desenvolvidos para a diagramação de livros, que não são baratos, além de compor a diagramação com fontes adquiridas pela Editora e que conferem identidade ao seu selo editorial.

Recebo pedidos para registro de ISBN e ficha catalográfica de autores que levaram seus originais para impressão em uma gráfica, onde não oferecem tais serviços de registro e indexação. A ficha catalográfica, nada mais é, do que a indexação de informações bibliográficas necessárias à identificação e localização da obra no acervo de uma biblioteca. Portanto, somente os bibliotecários podem confeccionar uma ficha catalográfica. O que tem de falsas fichas catalográficas por aí é assustador.

O ISBN é uma norma internacional, criada em 1967, para identificação numérica de cada livro. A sigla significa International Standard Book Number e identifica os livros por título, autoria, país, editora e, ainda, classifica-os por edição.

Outro recurso muito importante para um autor, e que deve ser considerado, é a publicidade que a editora faz de seu livro com ampla divulgação nas redes sociais. Essa publicidade varia muito de editora para editora. É preciso pesquisar.

Em resumo e para concluir, a raiz do problema de um projeto infeliz não são as gráficas de qualidade ou as editoras sérias e comprometidas com a satisfação de seus autores, mas a falsa ideia de que o barato é uma solução à altura daquilo que as editoras oferecem.

Antes de publicar o seu sonho procure um editor e tire todas as suas dúvidas. Ele é a pessoa ideal para transformar seu sonho em encantamento dos leitores, além de divulgar seu livro como um portfólio de sua Editora.
Um grande autor pensa como um grande autor, não como um consumidor de sorvetes e celulares.

*O autor é o idealizador da Biblio Editora e da Revista Criticartes. Jornalista, sociólogo, poeta. Publicou o livro “Subjetividade na Pós-modernidade” em 2015.






Sociólogo, poeta, escritor, idealizador e responsável pela edição geral da Revista Criticartes.