“Velhice e aceitação da morte”, por Ana Fraiman

Não é nada fácil para os nossos pais e avós conviverem, a um só tempo, com a ideia da morte que se aproxima e ainda preocuparem-se com a lacuna que as suas mortes trarão às nossas almas.

Abaixo, ao responder o questionamento de uma leitura, a Doutora Ana Fraiman nos orienta a proceder nesses momento tão difícil, agindo sincera e serenamente:

“Meu pai tem 86 anos e anda muito irritado, dizendo que está perto do fim e se recusando a aceitar nossos conselhos. O que devo dizer quando ele começa a falar em morte?” (Míriam Alves, São Luiz -MA)

“Os velhos em geral se preparam para morrer e encaram a morte de uma maneira muito natural.

Quando nossos pais velhos começam a falar sobre morte, podemos dizer-lhes que não desejamos que morram e que sentiremos muito quando se forem, mas que também saberemos sobreviver a isso e honrar o que deles recebemos.

As despedidas sinceras são emocionantes e merecem ser vividas em sua plenitude, pois ao mesmo tempo em que dão permissão para a morte também dão para a vida. Elas possibilitam viver a tristeza da perda iminente e a alegria de compartilhar a vida sem culpas, sem falsidades. Às vezes, nossos velhos só esperam por nossa compreensão e aceitação de sua morte, para que possam partir sem remorsos de estarem nos abandonando.”






Psicóloga formada pela UNIP, Mestre em Psicologia Social pela USP e doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP.